Me inspirei no fantástico cronista brasileiro Sérgio Porto, que usava o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Nos anos 1950 e 60 escreveu a série de livros “Febeapá”, que são as iniciais de: Festival de Besteiras que Assola o País.
Como dizia o Chacrinha, “nada se cria, tudo se copia…”, vou pegar uma carona no Febeapá e lançar aqui o meu “Febeapó”, Festival de Besteiras que Assola a Poligonal dos portos do Paraná.
Nesta e nas próximas colunas, listarei e comentarei as bobagens, mentiras e mitos que espalham por aí sobre a linha geográfica imaginária que envolve a baía de Paranaguá, conhecida como “poligonal”, sem estabelecer uma ordem ou critério, mas apenas conforme a gente vai sabendo por aí.
Então vamos lá…. 1, 2, 3!
Besteira 1: “A nova poligonal vai gerar 20 mil empregos…”:
Não, não vai. Nenhum empreendimento futuro (mínimo de 10 anos) vai gerar já essa ilusão. O projeto Embocuí/Paranaguá, que é o único interessado local no redesenho da poligonal, não tem a mínima possibilidade ambiental e operacional de empregar e operar no curto e médio prazo. Só as questões de estudos ambientais, licenciamentos ambientais levarão anos.
Se um dia estiver funcionando, será daqui a uma década.
Se um dia estiver funcionando, será daqui a uma década.
O Porto Pontal, arduamente defendido por interessados que mobilizam parte dos moradores do município de Pontal do Paraná, é uma incógnita fundiária. Suas terras estão sob judice, tanto na Justiça Federal de Paranaguá como é tema de uma CPI na Assembleia Legislativa. Mas, a atual poligonal não impede sua construção e operação, o que me deixa intrigado: Por que então põe a culpa no atual traçado, se ele por si só não impede sua construção e operação? É só ver que a Techint e a SubSea7 já estão tocando seus projetos. O que está travando o Porto Pontal?… suspeito né?!
Besteira 2: “A nova poligonal vai duplicar as atuais 40 milhões de toneladas movimentadas por Paranaguá…”
Outra bobagem que só quem não é do ramo embarca nessa.
A macrologística do Brasil mudou e continua mudando aceleradamente. Os grãos do centro-oeste do país aos poucos sairão pelos portos do norte, nos estados do Amazonas, Pará e Maranhão: Itacoatiara, Vila do Conde, Santarém, Itaqui entre outros. A novíssima Ferrovia Norte-Sul tem trechos a cada ano sendo incorporados à operação. Neste mês de agosto, a presidente Dilma Rousseff inaugurou o Tegram – Terminal de Grãos do Maranhão, no porto de Itaqui. Isto muda completamente a logística graneleira do Brasil, e os fertilizantes irão atrás.
Os portos do sul, como Paranaguá, São Francisco e Rio Grande, tenderão a ser regionais e os granéis não mais crescerão como ocorreu no passado. O ciclo se estabilizou.
O TCP – Terminal de Contêineres de Paranaguá, levou cerca de 17 anos para sair do zero aos atuais 800 mil contêineres movimentados em média por ano. Corresponde hoje a 45% da movimentação de Paranaguá. Construiu três berços de atracação e vai pro quarto, esgotando a possibilidade física de expansão. Ora, quem tem interesse em inviabilizar e roubar cargas hoje movimentadas pelo terminal que emprega milhares de trabalhadores, que compete “dentro da atual poligonal” e com as regras que são aplicadas a todas as demais empresas da comunidade portuária.
Quando tiver o quarto berço, o TCP poderá alcançar a marca de 1 milhão de contêineres/ano, daqui uns anos à frente.
Ora, então é uma mentira deslavada, alguém vir a público e falar em “80 milhões de toneladas movimentadas”, o dobro da atual… pura ficção, pois o que pesa são os granéis como fertilizantes, grãos e líquidos. Contêineres não “pesam” muito na conta do ilusionista.
Além disso, a quem interessa paralisar investimentos e empregos atuais que podem crescer no atual sistema, destruindo-os em troca de uma ficção só possível daqui uma década?… boa reflexão.
Besteira 3: “Empregos com a ‘nova’…”
O maior crime que se faz contra o trabalhador no momento é o seguinte:
Propor-se oficialmente a alteração das regras competitivas sobre as empresas que há anos operam em Paranaguá, Antonina e Pontal, é paralisá-la HOJE (!), congelando seus investimentos de curto e médio prazo que poderiam gerar milhares de empregos já.
Propor-se oficialmente a alteração das regras competitivas sobre as empresas que há anos operam em Paranaguá, Antonina e Pontal, é paralisá-la HOJE (!), congelando seus investimentos de curto e médio prazo que poderiam gerar milhares de empregos já.
Explico: dezenas de empresas de grande porte têm seus terminais funcionando e gerando milhares de empregos com a ATUAL poligonal. Não reclamam, investem, expandiram e querem crescer. Exemplos não faltam: Cargill, Bunge, Pasa, Fospar, InterAlli, Centro Sul, Cotriguaçu, Coamo, Louis Dreyfus, Rocha, Transpetro, Cattalini, TCP, Ponta do Félix, Vopak e por aí vai.
Muitas dessas empresas têm planos de investimentos e expansão, mas seguram suas decisões aguardando o fim da discussão da “nova poligonal”, que se for alterada, matará milhares de novos empregos e muitas destas investirão em outros portos.
Resumindo:
A proposta ficcional de redesenhar a atual poligonal, já está desempregando e congelando planos de investimentos dos atuais terminais, que ficam em stand-by esperando o fim dessa discussão. De forma cruel, os especuladores do redesenho e seus ingênuos seguidores, estão matando o presente, prometendo o paraíso de uma recompensa fictícia no futuro. E aí?….. Só Jesus na causa meu irmão e minha irmã!
A proposta ficcional de redesenhar a atual poligonal, já está desempregando e congelando planos de investimentos dos atuais terminais, que ficam em stand-by esperando o fim dessa discussão. De forma cruel, os especuladores do redesenho e seus ingênuos seguidores, estão matando o presente, prometendo o paraíso de uma recompensa fictícia no futuro. E aí?….. Só Jesus na causa meu irmão e minha irmã!
É a minha opinião. Não percam o “Febeapó-2.
Fonte: Correio do Litoral - 16/08/2015 08:26 | Daniel Lucio Oliveira de Souza | Minha Opinião, Portos do Paraná
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